Publicado por: julioborges em 08/02/2017 às 12:07
Durante as décadas de 70 e 80 o setor canavieiro passou por mudanças estruturais expressivas, com impactos relevantes nas condições atuais de competitividade do açúcar e do etanol do Brasil.
Na primeira metade da década de 70 o preço do açúcar alcançou níveis muito altos no mercado externo e proporcionou ganhos expressivos para o Governo Federal, que controlava totalmente a exportação do produto através do Instituto do Açúcar e do Álcool.
Em função desta receita extraordinária , foi criado um programa federal para modernização do parque açucareiro nacional com financiamentos adequados à condição de capacidade de pagamento das usinas. Como consequência, o setor, de forma geral, dobrou de tamanho.
A segunda metade da década de 70 sofreu as consequências do primeiro choque de preços do petróleo. Como o Brasil dependia das importações do produto para abastecer 80% do mercado interno, foi decidido pelo Governo Federal iniciar a mistura do etanol na gasolina, em proporções crescentes ao longo do tempo.
No inicio dos anos 80, como consequência do segundo choque de preços de petróleo, convivemos com efeitos econômicos perversos mundo afora : estagnação econômica com inflação elevada. Uma das mais bem sucedidas providências tomadas no Brasil para sair da crise foi a implementação da segunda fase do Programa Nacional do Álcool, com a implantação de destilarias autônomas, que só produziam álcool.
E o que isto tem a ver com a Copersucar?
Simplesmente a Copersucar, maior player brasileiro no negócio de açúcar e álcool, na época uma destacada multinacional brasileira com negócios nos EUA e Oriente Médio, estava financeiramente fragilizada. Se fosse hoje, uma recuperação judicial seria cabível.
E porque isto aconteceu ? Pelo fato, nada original, de má gestão financeira da direção responsável pela empresa durante a década de 70.
O conserto desta situação exigiu credibilidade na nova direção, compromissos assumidos e cumpridos, regras rígidas e claras de procedimentos, muito trabalho, paciência para esperar os resultados, objetivos e metas claramente definidos e controlados. Por duas gestões, a nova diretoria da Copersucar teve como presidente José Luiz Zillo e Werther Annicchino, diretor superintendente. Este, posteriormente, foi presidente também por duas gestões. Além disso, o apoio dos demais cooperados à nova direção da Copersucar foi decisivo para o sucesso no resgate da empresa como merecedora de respeito e admiração.
Hoje sabemos com clareza onde chegou a Copersucar. Destaque mundial como produtor de açúcar e etanol e como trading global destes produtos, além de ter contribuido decisivamente para o expressivo progresso técnico e econômico vivido pelo setor nos anos 80 e 90. Neste caso, o destaque é para o antigo CTC (Centro de Tecnologia da Copersucar), sustentado na ocasião exclusivamente por recursos financeiros do grupo.
Se o Brasil hoje é o país mais competitivo do mundo na produção de açúcar e etanol, o CTC da Copersucar foi grande responsável por esta performance.
Este post, além de ser um registro breve da história de sucesso da Copersucar, é uma homenagem a seu presidente José Luiz Zillo, falecido na semana passada, que muito contribuiu para a reconstrução da Copersucar nos anos 80.