Conforme dissemos em posts anteriores, esta safra 2016/17 será uma safra de preços relativamente altos e volume recorde. Desta forma, as usinas vão ter condições de gerar um resultado econômico satisfatório, ou seja, vão poder fazer a renovação da lavoura e os tratos culturais adequadamente, a reposição de máquinas e equipamentos desgastados será realizada e finalmente a dívida será reduzida.
E daí? Quanto tempo vai durar esta situação confortável?
Em termos de perspectivas de médio e longo prazo a situação nada tem de confortável.
Vejamos neste post o aspecto da competitividade agrícola: cana versus outras culturas que concorrem na produção de açúcar e etanol. Em posts posteriores iremos analisar a questão dos custos de produção.
Utilizando dados da FAO e Granbio, divulgados pela novaCana.com, podemos verificar que no período de 50 anos (1961-2011) o trigo aumentou sua produtividade agrícola em 193%. O milho aumentou sua produtividade em 167% no mesmo período. Ambos os produtos são utilizados na produção de etanol.
Por outro lado, a soja (utilizada na produção de biodiesel) aumentou sua produtividade em 129% no período acima referido. Já a beterraba, concorrente direto da cana na produção de açúcar, mostrou aumento de 132%.
E a cana de açúcar? Qual foi o aumento de produtividade no período referido de 50 anos? Resposta: 40%.
Uma das razões para esta má performance da cana está no fato deste produto não ter a proteção das outras lavouras em termos de plantio : estas requerem sementes e a cana é plantada com a própria muda. Por mais que se entenda as razões para o resultado acima, isto é ruim para a presença da cana no cenário internacional no longo prazo. Um esforço efetivo, com resultados palpáveis, de pesquisa & desenvolvimento torna-se necessário.
Em nosso próximo post vamos comentar um pouco sobre os custos de produção de açúcar e etanol no Brasil no período 1973-2000. Neste período houve uma redução significativa de custos de produção. O que aconteceu naquela época?