O Brasil deverá encerrar a temporada 2023/24 com produção e exportação recordes de açúcar e responder por cerca de 50% do comércio global do adoçante no período, à medida que colhe uma grande safra de cana e direciona maiores volumes da matéria-prima para a fabricação do produto, estimou nesta quinta-feira, 31, a consultoria Job Economia.
A Job projetou que a moagem de cana do país crescerá mais do que o esperado em 2023/24, para 660,6 milhões de toneladas, ante 653,4 milhões vistas inicialmente. O salto de mais de 51 milhões de toneladas na comparação com a temporada passada acontece em meio a um clima favorável impulsionando as produtividades.
A fabricação de açúcar do maior produtor e exportador global em 2023/24 foi estimada em recorde de 42,7 milhões de toneladas, ante 40,4 milhões na previsão inicial e 37 milhões no ciclo anterior, segundo a consultoria.
“Por enquanto tudo corre bem com a safra 2023/24 no Centro-Sul. Muito bem, aliás. A moagem de cana no Brasil está prevista em 660 milhões de toneladas. Isto é ligeiramente abaixo do recorde de 2015/16, quando se moeu 667 milhões de toneladas”, disse o sócio-diretor da Job, Julio Maria Borges, em nota.
A exportação de açúcar do Brasil na safra foi prevista em recorde 32,2 milhões de toneladas, ante 29,8 milhões na previsão inicial e 27,1 milhões na temporada passada, segundo o especialista. O recorde anterior para embarques ocorreu em 2020 com 32 milhões de toneladas.
“O Brasil é de forma clara o principal player de açúcar no mercado internacional e esta condição tende a ser ampliada devido à sua competitividade”, disse Borges.
Já a produção de etanol de cana e milho do Brasil foi projetada para aumentar em 2023/24 para 32,9 bilhões de litros – ante 33,5 bilhões de litros na previsão anterior –, contra 31,2 bilhões na safra passada. Segundo a Job, mais cana será destinada para a produção de açúcar do que no ciclo anterior, enquanto a fabricação do combustível a partir do cereal crescerá mais de 1 bilhão de litros.
“A produção de etanol será mínima nas usinas de cana e necessária para maximizar a produção de açúcar. No caso do milho, a produção contínua em sua trajetória crescente e já representa 20% da produção de etanol no Centro-Sul”, disse, em referência à principal região produtora.
Ele lembrou que até recentemente o etanol hidratado não apresentou competitividade na bomba com a gasolina e teve sua demanda inibida.
A moagem de cana do Centro-Sul do Brasil deverá aumentar para 598 milhões de toneladas, 3,6 milhões de toneladas acima da projeção inicial, mas um salto de cerca de 50 milhões de toneladas na comparação com a safra passada.
Isso resultará em uma produção de açúcar no Centro-Sul de 39,2 milhões de toneladas, alta de 16% na comparação anual.
Já as regiões Norte e Nordeste deverão ter na atual safra um volume recorde de cana em uma trajetória de recuperação de sua indústria, somando 62,6 milhões de toneladas, versus 60,7 milhões na temporada anterior.
A produção de açúcar do Nordeste foi estimada em 3,5 milhões de toneladas, versus 3,3 milhões na temporada anterior, enquanto a fabricação de etanol foi vista em 2,4 bilhões de litros, praticamente estável.
Borges apontou que transferências de açúcar do Centro-Sul para o Norte-Nordeste estão previstas em 900 mil toneladas, uma vez que as usinas ao norte do país preferem exportar açúcar (2 milhões de toneladas) do que vendê-lo no mercado interno.
No caso do etanol, as importações do Centro-Sul pelo Nordeste representam 50% do mercado regional e são necessárias para abastecer o mercado.
Com fortes exportações de açúcar, assim como um firme mercado de combustíveis do ciclo Otto, a Job ainda prevê estoques “mínimos” de açúcar e etanol para o final da safra atual 2023/24: entre 20 e 30 dias de consumo, respectivamente.