Alimentos, energia e investimentos: pessimismo cauteloso.
As consequências ruins de curto e médio prazo da pós-pandemia do Covid 19 e da Guerra Ucrânia -Rússia aos poucos se apresentam aos mercados financeiros.
A situação macroeconômica global lembra a condição de estagnação econômica e inflação da década de 1970 e início dos anos 1980, quando o petróleo foi o vilão da história. Já a condição dos preços dos alimentos e energia lembra a década de 2000, que culminou com a crise do Lehman Brothers. Todos os obstáculos decorrentes dessas crises foram superados, mas teve custo.
Minhas considerações admitem incertezas com relação às consequências finais e o término da Guerra Ucrânia -Rússia. O Covid 19 está administrado, mas ainda não está dominado. A alternativa de 3ª Guerra Mundial, por enquanto, está descartada.
O motivo deste post é fazer considerações sobre o que pode acontecer com os preços de commodities e o retorno de investimentos, frutos da euforia do momento.
Os preços das commodities de alimentos
Vamos considerar nesta análise açúcar, milho, soja e trigo. Em todos os casos vamos utilizar preços de futuros nas bolsas americanas e preços diários de fechamento dos mercados.
Em todos os casos, os preços atuais destas commodities em US$ são relativamente altos e se situam entre 35 % (açúcar) e 100 % (trigo e petróleo) acima dos níveis do final de 2019 (pré-Covid 19).
Com exceção do preço do petróleo, que mostra tendência de alta, os níveis atuais de preços das commodities de alimentos estão relativamente estáveis e altos desde Março/22 com o início da Guerra Ucrânia-Rússia. No caso do açúcar, desde Setembro/21. Ou seja, podem estar em um teto e com boa probabilidade de queda à medida em que ocorra alguma definição da Guerra.
Já o dólar americano (US$) está também em nível alto devido às incertezas do momento e valoriza exportações de commodities em moedas locais . Com isto os preços recebidos pelos produtores estão acima dos custos econômicos da produção e comercialização.
A estratégia empresarial do momento: vendas e investimentos
Aproveitar a oportunidade de lucros acima do normal e vender em mercados à vista e de futuros. Esta venda pode ser cadenciada, pois, de forma geral, as mudanças de fundamentos dos mercados ocorrem gradativamente. Já tivemos situações assim na década de 2000.
Quanto aos investimentos, todo cuidado é pouco. Na década de 2000 tivemos cerca de 100 novos projetos de usinas/destilarias de etanol para aproveitar o petróleo de 140 US$/barril. Na década seguinte cerca de 100 usinas fecharam.
A atenção e cuidados exigidos referem-se à viabilidade econômica do negócio. Quando os preços são altos e acima dos custos de longo prazo a viabilidade econômica é observada para negócios que não são factívies em condições normais de mercado, onde preços médios de longo prazo e custos de longo prazo se equivalem.
Saúde a todos.
Julio Maria M. Borges Sócio-Diretor da JOB Economia e Planejamento.
Conselheiro de Administração.
Email: julioborges@jobeconomia.com.br Site: www.jobeconomia.com.br