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06/05/2014 - Brasil Econômico
O ocaso do etanol hidratado

Os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam crescimento nas vendas de etanol hidratado no primeiro trimestre do ano, mas o volume não deve ser suficiente para interromper a perda de participação do combustível no mercado interno. Segundo projeções da consultoria especializada Job Economia, o etanol deve abastecer este ano apenas 24% da demanda potencial gerada pela frota de carros bicombustíveis, pior fatia desde o auge do setor, em 2008, quando foi responsável por abastecer de 90% da frota.

O represamento dos preços da gasolina é apontado como principal causa para a perda de competitividade do produto. "O mercado de etanol hidratado está morrendo de inanição. Não é competitivo nem remunera o produtor", decreta Júlio Borges, sócio-diretor da Job Economia. Segundo os dados da ANP, as vendas de hidratado apresentaram alta de 18,9% no primeiro trimestre de 2014. O volume vendido, porém, é o pior desde 2011 e está 21% abaixo do recorde para o período, estabelecido em 2009. Nos dois últimos anos, segundo a consultoria, o etanol abasteceu apenas 28% de seu mercado potencial, que inclui o consumo de toda a frota bicombustíveis no país.

Em 2009, quando as vendas do etanol bateram recorde, a fatia foi de 75%. Segundo analistas, a queda nas vendas nos últimos anos está diretamente associada à política de preços da gasolina — o etanol só é competitivo quando custa até 70% do valor cobrado pelo derivado do petróleo, que, apesar dos últimos reajustes, ainda continua com preços abaixo das cotações internacionais.A política de preços é alvo de críticas da indústria de cana-de-açúcar, sob o argumento de que a perda de competitividade vem provocando o fechamento de usinas no país. Desde 2009, diz a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), 44 unidades fecharam as portas. De acordo com dados compilados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea), mesmo em queda na última semana, os preços do etanol hidratado continuam superiores ao ponto de corte em todos os estados do país.

Até em São Paulo, onde o biocombustível costuma levar vantagem sobre o derivado da gasolina, não há grande diferença, para o consumidor, entre os dois combustíveis. Na semana passada, já sob o efeito do início da moagem de cana-de-açúcar, o preço do hidratado nas usinas de São Paulo caiu 7,3%, na comparação com o período anterior, para R$ 1,2568 por litro. "Neste momento, só tem um estado onde pode valer a pena usar etanol e isso tem levado muita gente, mesmo com veículos bicombustíveis, a optar pela gasolina”, diz Dietmar Schupp, consultor do Sindicato das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom).

No setor, comenta- se que a queda da participação do etanol, principalmente em estados não produtores, tem levado donos de postos a reduzir o número de bombas usadas para vender o combustível, passando a usá-las na venda de gasolina. As dificuldades para retomar mercado levaram os produtores de cana-de-açúcar a buscar uma nova estratégia, solicitando ao governo o aumento do percentual de etanol anidro misturado à gasolina, dos atuais 25% para 27,5%.

O objetivo é ampliar as vendas de um produto com maior rentabilidade. “O anidro não tem teto de preço e pode garantir uma rentabilidade maior”, comenta Borges. Segundo a Cepea, o anidro estava sendo vendido pelas usinas na semana passada a R$ 1,5176 por litro, valor 20,75% superior ao cobrado pelo etanol hidratado. Além do ganho por litro, a medida teria potencial para provocar grande aumento nos volumes vendidos, uma vez que o mercado de gasolina tem apresentado crescimento vertiginoso.

Em janeiro, segundo dados da ANP, as vendas do derivado de petróleo cresceram 9,4%. A tendência, na opinião de Schupp, é que o ritmo se mantenha acelerado, acompanhando o crescimento da frota brasileira de automóveis. “O mercado de combustíveis automotivos vem crescendo acima do PIB repetidamente e continua aquecido”, comenta o especialista. “Qualquer aumento na mistura de etanol na gasolina significa a substituição de um componente, a gasolina pura que na refinaria custa R$ 2,40 o litro, por outro, o etanol anidro vendido pelo produtor por cerca de R$ 1,50.

Essa diferença permite, potencialmente, algum recuo no preço final da gasolina na bomba”, argumentou Elizabeth Farina, presidente da cooperativa Unica, ao lançar a proposta no mês passado. O potencial de redução nas importações de gasolina, que vêm prejudicando a Petrobras, é outro argumento utilizado para convencer o governo. A ideia, porém, não foi bem recebida pelo Ministério da Fazenda, nem pelas fabricantes de automóveis. No final de abril, o ministro Guido Mantega disse que “não é o momento”, gerando críticas de produtores de cana-de-açúcar. O setor de combustíveis, no entanto, acredita que o movimento será feito em algum momento.

“É bom para as usinas, para a Petrobras, para as distribuidoras e para o consumidor”, diz uma fonte. Em 2009, após um bem sucedido esforço para ampliar as vendas de carros bicombusíveis, o mercado brasileiro consumiu 16,6 bilhões de litros de etanol hidratado. Naquele ano, as vendas do biocombustível, somando os volumes de anidro, superaram as vendas de gasolina no país.Em 2012, auge da crise foram 9,8 bilhões de litros. Com Reuters

(Por: Nicola Panplona - Brasil Econômico)

 
 
 
 
 
 
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