Exportações brasileiras de açúcar em 2020/21. Brasil como regulador de preços.
Quanto o Brasil vai produzir de açúcar na nova safra e quanto a mais vai exportar do produto? Esta questão não só é importante para a usina, como é muito relevante para o mercado internacional do açúcar, pois os preços dependem da resposta a esta pergunta.
Como sabemos o Brasil é o maior exportador mundial de açúcar e tem uma grande flexibilidade na produção de açúcar e etanol. Qualquer mudança neste mix de produção pode afetar muito os preços do açúcar pelo mundo afora.
Na safra 2018/19, por exemplo, reduzimos a produção de açúcar em 10 mi t e com isto contribuímos para um déficit global entre 6-7 mi t previsto para a atual safra mundial 2019/20. Como consequência desta situação, os preços do açúcar no mercado externo, em Fevereiro/20, alcançaram níveis altos, verificados da última vez em Novembro/17. Estamos nos referindo a preços em torno de 15¢/libra peso em NY.
Para a nova safra 2020/21 a situação é bem diferente.
Devido a forte elevação dos preços do açúcar no mercado externo, verificada no período Outubro/19 a Fevereiro/20, acompanhada da elevação da taxa de câmbio, pudemos observar preços de açúcar de exportação remunerando melhor o produtor que o etanol. Tal fato não acontecia no CSUL desde Novembro/17.
Ou seja, o incentivo para exportação foi dado. A remuneração garantida ao produtor no caso das exportações cobre todos os custos de produção e logística e remunera adequadamente o capital própio do empresário. Algo que estávamos com saudade de observar.
E quanto iremos exportar a mais na nova safra 2020/21?
No limite 10 mi t a mais. Se esta intenção de produzir mais e exportar mais açúcar ocorrer no Brasil e na União Européia, esta com potencial de aumento de 2 mi t, o deficit mundial de açúcar previsto para 2020/21 desaparece e teremos superávit. E os preços internacionais vão recuar ao longo de 2020.
Brasil como regulador de preços e oferta no mercado global de açúcar.
Ou seja, o Brasil, graças ao etanol combustível, tornou-se um regulador do mercado internacional de açúcar e garantidor de uma volatilidade de preços menor que aquela observada em passado recente. Isto é bom para o consumidor e para o negócio de cana-de-açúcar do Brasil, que consegue otimizar receitas. Ora fazendo mais açúcar e aproveitando seus bons preços, ora produzindo menos açúcar e mais etanol e fugindo de prejuízos maiores decorrentes de preços baixos do adoçante.
É mais um benefício do etanol combustível, além dos benefícios para o meio ambiente e para a diversificação da matriz energética. Este é um dos temas que serão abordados em nosso 19º Seminário JOB Economia (www.seminariojobeconomia.com.br ), a ser realizado em 03 de Abril próximo no Hotel Intercontinental em São Paulo – Capital.
Julio Maria M. Borges
Conselheiro de Administração.
Sócio-Diretor da JOB Economia e Planejamento.
Email: julioborges@jobeconomia.com.br Site: www.jobeconomia.com.br