Os comentários que faremos são extraídos do 17th Annual Jenkins Sugar Group (JSG) /JOB Economia Sugar Seminar realizado em 13 de Maio deste ano no hotel Park Lane, em NY.
União Europeia (UE)
Palestrante: Toby Cohen – ASR Group Vice President
O mercado de açúcar branco refinado na UE tem demanda de 17 mi t , demanda esta que mostra tendência de queda. Além disso, cerca de 2 mi t são usadas na produção de etanol.
Os preços do açúcar no mercado interno acompanham os preços do mercado internacional. Como estes preços estão baixos, inferiores aos custos de produção, o setor produtor de açúcar na UE conclui que o produtor perdeu e o consumidor ganhou com a recente reforma do regime açucareiro.
Em função desta situação, os produtores estão em busca de redução de custos e aumento de eficiência na produção. A produção de açúcar nesta nova safra 2019 será menor na UE: 17 mi t versus 19 mi t em 2018.
Do lado do consumo, que mostra tendência de baixa, observa-se que bebidas com açúcar estão sendo taxadas na UE. Na África do Sul acontece o mesmo. Este movimento está em linha com hábitos de consumo mais saudáveis, onde o consumo de açúcar em excesso aparece como vilão.
Estados Unidos e México
Palestrante: Frank Jenkins – JSG President
Analisando os preços do açúcar bruto (demerara) no período Maio/18 a Abril/19 , observamos que o contrato 11 de NY (mercado internacional) registrou preço médio de 12¢/lb. Por outro lado, o produtor de açúcar nos Estados Unidos vendeu sua safra por 25 ¢/lb.
A produção de açúcar nos EUA não tem ultrapassado 9 mi t, sendo 55% deste total açúcar de beterraba. A importação controlada representa 24% do consumo de 12 mi t açúcar “stricto sensu”. Por outro lado, considerando a demanda de todos adoçantes calóricos utilizados no mercado americano, também em queda, aquela ultrapassa ligeiramente 20 mi t. Neste caso, o xarope de milho representa cerca de 1/3 do consumo total.
No México o grau de proteção da indústria de açúcar é maior. O preço do açúcar bruto no período Maio/18 a Abril/19 foi de 25¢/lb para as exportações para os EUA . No mercado interno, os preços oscilaram entre 30 e 35 ¢/lb , dependendo se o açúcar era standard (cristal) ou refinado, respectivamente.
Para fins de comparação, cabe lembrar que em São Paulo, no mesmo período, o preço do açúcar bruto exportado teve como referência 12¢/lb e o preço do açúcar comercializado no mercado interno não alcançou 14 ¢/lb. Nestas condições adversas de preços , a situação econômico-financeira das usinas piorou na safra passada.
Respondendo a pergunta inicial deste post, podemos afirmar que:
1- a UE, com seu novo regime açucareiro, não distorce mais o mercado mundial de açúcar pois os preços que pratica estão em linha com o mercado internacional. Desta forma, sofre as consequências de preços baixos ou altos neste mercado e ajusta a oferta a estas condições.
É por esta razão que se comenta na UE que a recente reforma do sistema açucareiro beneficiou o cliente e prejudicou o produtor, já que o mercado externo tem praticado preços baixos de açúcar nos últimos anos.
2- Estados Unidos e México são ilhas açucareiras protegidas da concorrência internacional e que prejudicam o mercado internacional, na medida em que produtores menos eficientes e protegidos com preços altos criam oferta e prejudicam o crescimento dos produtores mais eficientes como Brasil, UE e Austrália.
Julio Maria M. Borges Sócio-Diretor da JOB Economia e Planejamento.
Email: julioborges@jobeconomia.com.br Site: www.jobeconomia.com.br