O Brasil deve alcançar uma produção recorde de 33,1 bilhões de litros de etanolna safra 2018/2019, o que representa aumento de 21,7% em relação ao ciclo anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume será o maior desde os 30,5 bilhões na safra de 2015/16.
A produção recorde foi puxada pelo aumento do álcool hidratado, que é vendido das bombas de combustível direto para o tanque do carro. Alcançando também uma marca histórica, serão produzidos cerca de 23,6 bilhões de litros, ou seja, 45,2% a mais que na safra anterior. O maior valor até então produzido do hidratado havia sido de 19,6 bilhões de litros na safra 2010/11.
De acordo com o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Cleverton Santana, o aumento na produção deveu-se, principalmente, à queda de preços do açúcar no mercado internacional e a um cenário mais favorável para o etanol no mercado interno, diante da alta do dólar e do petróleo. “Esses fatores fizeram com que as unidades de produção aumentassem a destinação de cana-de-açúcar para a produção de etanol nesta safra”, afirma.
O levantamento mostra também que houve redução na produção do outro tipo de etanol, o anidro, que é utilizado na mistura com a gasolina (22%). A produção ficou em 9,56 bilhões de litros, 13,1% a menos que no período antecedente. Segundo a Conab, a queda pode ter sido influenciada pela preferência do consumidor pelo hidratado ou, ainda, pela menor visita de motoristas às bombas de gasolina, refletindo em menor abastecimento de anidro.
A quantidade de etanol produzida fez com que o preço do produto tenha se tornado mais atrativo do que o da gasolina. “O reflexo nas bombas está sendo sentido agora”, afirmou Júlio Borges, sócio-diretor-executivo da consultora Job Economia.
De acordo com a consultora especializada em etanol e cana-de-açúcar, o mercado doméstico consumiu 32 bilhões de litros de etanol na safra de 2018/19, batendo recorde, graças à atratividade no valor do produto ante à gasolina. A marca anterior era da safra de 2015/16, com 29,3 bi de litros consumidos.
Produção de matéria-prima
A safra da cana foi de 620,4 milhões de toneladas, apresentando redução de 2% em relação à anterior. Já a produção de açúcar atingiu 29,0 milhões de toneladas, um decréscimo de 23,3%. A área colhida ficou em 8,59 milhões de hectares, o que representa diminuição de 1,6% se comparada a 2017/18.
Na região sudeste, principal produtora do país, com São Paulo e Minas Gerais abrangendo quase 64% da produção nacional, a produção total foi de 400,3 milhões de toneladas, uma redução de 4,1% em relação à safra 2017/18, por problemas climáticos e devolução de terras arrendadas.