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18/10/2018 - Valor Econômico
Açúcar já subiu mais de 22% neste mês em Nova York

Açúcar já subiu mais de 22% neste mês em Nova York

Os contratos futuros de açúcar negociados na bolsa de Nova York saíram da estagnação em que se encontravam nos últimos meses e já subiram mais de 20% desde o início do mês. Ontem, os papéis para entrega em março, mais negociados, fecharam a 13,73 centavos de dólar a libra-peso, 22,6% mais que no fechamento do último pregão de setembro. Essa mudança reflete uma combinação entre movimentos de fundos e notícias menos positivas sobre a produção da commodity no mundo.

Especificamente ontem houve forte influência do câmbio, já que o dólar caiu abaixo de R$ 3,70 ante especulações do mercado com as eleições presidenciais. Esse movimento também ajuda a explicar a alta expressiva do café, cujo contrato para dezembro subiu ontem mais de 4%.

Mas a atual escalada do açúcar tem refletido de fato fatores ligados aos fundamento, segundo analistas. "A maior parte da alta foi resultado da expectativa de quebra na safra europeia de beterraba, de liquidação de vendas por parte dos especuladores e das já esperadas perdas no Centro-Sul do Brasil", afirma João Paulo Botelho, analista da consultoria INTL FCStone, em relatório.

Para Julio Maria Borges, diretor da JOB Economia e Planejamento, a alta até o momento pode ser explicada pelas notícias de redução de produção e é intensificada pela saída dos fundos de suas posições vendidas por causa das mudanças nos fundamentos.

Apenas na primeira semana de outubro, os gestores de recursos ("managed money") reduziram sua posição líquida comprada no mercado futuro de açúcar pela metade, segundo a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC).

Recentemente, grandes players do mercado de açúcar da Europa começaram a avaliar que haverá quebras na safra de beterraba na região, o que pode reduzir a produção de açúcar no continente. Em seu relatório, a FCStone afirma que essa quebra "deve paralisar as exportações de açúcar do bloco". Em relatório recente, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) destacou que uma seca generalizada no noroeste da Europa deveria afetar a produção de beterraba da safra 2018/19 (que começou no dia 1º de outubro).

Outro ponto de atenção agora é com a próxima safra do Centro-Sul do Brasil, cuja produção deve ser limitada pela provável baixa disponibilidade de cana e pela expectativa de mais um ciclo mais "alcooleiro". Apesar desses fatores, Borges, da JOB, acredita que o preço não deve sofrer correção mais para frente, embora ele não acredite que as cotações voltem aos níveis historicamente baixos observados em setembro.

Por Camila Souza Ramos e Kauanna Navarro | De São Paulo

Fonte : Valor

 
 
 
 
 
 
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