A produção de etanol no Brasil será um recorde. Por outro lado, o Brasil deixa de ser o maior produtor mundial de açúcar. Estas são algumas conclusões da primeira revisão de safra feita pela JOB Economia em Agosto/2018
I - Safra 2018/19 versus safra 2015/16
Estamos em 2018 repetindo condições da safra 2015/16, quando o viés alcooleiro da safra foi elevado. Onde estão as diferenças em relação a 2015/16?
Performance da safra . Atualmente prevemos para o Centro-Sul 69 mi tc a menos e maior rendimento Industrial quando comparamos com 2015/16. Esta condição de menor quantidade de cana para moagem, que permite reduzir a velocidade de moagem, favorece a flexibilidade de mix na fábrica e facilita o esforço de maximização da produção de etanol.
Preços do petróleo e gasolina mais elevados, o que dá suporte para preços do etanol e aumenta sua competitividade na bomba. Na safra 2015/16 o preço do petróleo WTI variou em torno de 45 US$/barril . Nesta safra, seus preços têm oscilado em torno de 68 US$/barril.
Considerando que os preços do açúcar nos mercados externos nestas duas safras 2015 e 2018 são relativamente baixos, o incentivo econômico para maximizar a produção de etanol é claro e nesta presente safra é ainda mais forte que em 2015/16. Desde Outubro/17, o etanol no Centro-Sul remunera melhor o produtor que o açúcar. Este prêmio comercial do etanol sobre o açúcar de mercado interno variou de 4% a 40% e a expectativa é de que isto continue nos próximos meses.
II -A produção da atual safra 2018/19
A produção de etanol no CSUL do Brasil será recorde com 29,2 bi litros, sendo 0,8 bi de litros etanol de milho. O máximo produzido até agora foi 28,2 bi litros em 2015/16. Na região NNE, cuja safra está começando, a produção de etanol deve alcançar 2,0 bi litros. Ou seja, o Brasil deve produzir um recorde de 31,2 bi litros de etanol, sendo destaque o etanol hidratado.
No caso do açúcar, o CSUL irá produzir 27 mi t , ou seja, 9,1 mi t a menos que na safra passada e irá encolher como exportador mundial do produto. Esta forte redução na produção de açúcar deve surpreender o mercado mundial que prevê um superávit para a nova safra em torno de 7 mi t . À medida em que esta quebra de safra ficar evidente para os mercados externos de açúcar, provavelmente os preços serão afetados positivamente.
O NNE deve produzir somente 2,7 mi t de açúcar e o Brasil 29,7 mi t . Desta forma, o Brasil perde para a Índia, que deve produzir acima de 33 mi t, a posição de maior produtor mundial de açúcar
Os estoques de passagem de açúcar e etanol serão reduzidos, o que dará bom suporte para preços na entressafra.
Julio Maria M. Borges
Sócio-Diretor da JOB Economia e Planejamento.
Email: julioborges@jobeconomia.com.br
Site: www.jobeconomia.com.br