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10/04/2014
Conab destoa do mercado e vê recordes para cana, açúcar e etanol
Produtividade por hectare do centro-sul, que responde por mais de 90% da safra, cairá de 77,8 para 75,8 toneladas

Apesar da severa seca no Sudeste brasileiro no início do ano, o Brasil ainda conseguirá produzir volumes recordes de cana, açúcar e etanol na safra 2014/15, na avaliação da estatal Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), diferentemente do que apontam consultorias e a indústria.

A Conab estimou nesta quinta-feira uma produção histórica de cana tanto para o país, de 671,7 milhões de toneladas, quanto para o centro-sul, de 613 milhões de toneladas, ante aproximadamente 570 milhões de toneladas apontadas por integrantes do setor privado para a principal região produtora do Brasil.

Essa disparidade ocorre basicamente porque a Conab estimou uma produtividade agrícola maior do que a esperada pelo mercado, que aponta queda mais acentuada no rendimento por hectare em função da falta de chuva em importantes áreas produtoras em janeiro e fevereiro, meses que costumam ser bastante chuvosos.

A produtividade por hectare do centro-sul, que responde por mais de 90% da safra do maior país produtor e exportador global de açúcar, cairá para 75,8 toneladas por hectare, ante 77,8 toneladas na safra passada, disse a Conab. Mas especialistas estimam um recuo maior.

"Acredito que o rendimento agrícola vai ser próximo de 70 toneladas por hectare no centro-sul... O tamanho do problema do rendimento agrícola pode ser avaliado pelo tamanho do problema do baixo nível dos reservatórios hoje", afirmou o consultor Júlio Borges, da Job Economia, lembrando que a cana precisa de chuvas para se desenvolver.

Borges, porém, tem visão semelhante à da Conab sobre o aumento de área plantada para o centro-sul, visto pelo órgão oficial em 4,5%.

A área a ser colhida nessa região deve ficar em 8,08 milhões de hectares na safra 2014/15, disse a Conab.

A estatal atribui o crescimento da produção sucroalcooleira à expansão do plantio e à renovação dos canaviais, incentivada pelo governo com financiamentos a juros mais baixos.

"Isto foi absorvido pelo setor e está se convertendo em uma expansão de área... somada a uma renovação de canaviais da ordem de quase 1 milhão de hectares", explicou o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, João Marcelo Intini, ao ser questionado sobre a diferença entre as estimativas do mercado e a da Conab.

A estatal apontou um crescimento de área plantada de 3,6% para o país ante 2013/14, para um recorde de 9,13 milhões de hectares.

"O crescimento de áreas nos Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, onde concentra-se o maior número de unidades novas..., sustentou este aumento de 12,87 milhões de toneladas de cana-de-açúcar para processamento", disse a Conab em nota.

Para o centro-sul, onde a moagem de cana começou oficialmente neste mês, o primeiro levantamento da Conab estimou a produção de açúcar em 35,9 milhões de toneladas, ante 34,4 milhões em 13/14.

O levantamento realizado entre 9 e 22 de março apontou ainda que a produção total de etanol do centro-sul em 14/15 em 26,3 bilhões de litros, ante 26 bilhões em 13/14, segundo a Conab.

A produção de açúcar do Brasil, incluindo Nordeste, foi apontada também em históricos 39,45 milhões de toneladas, e a de etanol do país foi vista em 28,37 bilhões de litros.

Para Borges, da Job Economia, a Conab normalmente tem um "viés otimista" e é "muito normal" que as estimativas fiquem acima do realizado, principalmente na primeira previsão de safra, como é o caso.

À medida que a safra de desenvolver, com o progresso da colheita, os números possivelmente serão ajustados à realidade.

O contrato maio do açúcar bruto negociado em Nova York, referência internacional, era negociado a cerca de 17,1 centavos de dólar por libra-peso, praticamente estável ante o fechamento de quarta-feira, por volta das 14h00 (horário de Brasília).

PERDAS NOS GRANDES PRODUTORES

Apesar do tom otimista, a Conab já identificou perdas expressivas na safra de São Paulo, que produz mais da metade da cana do Brasil, e em Minas Gerais, terceiro produtor nacional.

As adversidades climáticas resultarão em uma queda na produção de cana de São Paulo (maior produtor brasileiro) de 1,5%, para 367,2 milhões de toneladas, na comparação anual. A produtividade por hectare no Estado deverá atingir 78,2 toneladas/hectare, contra 81,9 toneladas em 13/14.

O Estado foi severamente afetado por uma seca histórica e altas temperaturas nos primeiros meses do ano.

Minas Gerais, que também sofreu os efeitos do clima, terá produtividade média de 74,9 toneladas, contra 77,9 toneladas na safra anterior. A produção mineira deverá somar 59,13 milhões de toneladas (-2,7%).

 

Goiás, o segundo produtor nacional, deverá registrar um aumento de 7% na safra, para 66,4 milhões de toneladas de cana.

(Por Roberto Samora e Maria Carolina Marcello- Reuters)

 

 
 
 
 
 
 
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