Fevereiro será decisivo para a agricultura. A estiagem de dezembro e janeiro aumentou a preocupação sobre o clima em um mês muito relevante para o desenvolvimento das lavouras.
E as notícias não são animadoras. Celso Oliveira, meteorologista da Somar, diz que o clima não mudará nas três primeiras semanas deste mês. As temperaturas vão continuar muito elevadas, e as chuvas, abaixo da média.
"Há expectativa de chuva entre os dias 20 e 28, mas não será suficiente para reverter o cenário de semanas e meses anteriores", afirma.
A previsão vale para quase todo o país, do Rio Grande do Sul à Bahia. As exceções são Mato Grosso, líder na produção de soja, que tem até chuva forte em algumas áreas, a região amazônica e o Nordeste (acima da Bahia).
No resto do país, a produção de diversas culturas corre o risco de sofrer perdas relevantes por causa do clima.
A maior preocupação envolve a produção de café. No sul de Minas Gerais, choveu o equivalente a 60 milímetros em janeiro, muito abaixo da média histórica para o mês, de 500 milímetros, segundo Marcos Fabri, coordenador regional da Emater-MG.
Ele diz que o solo não teve umidade suficiente para receber a adubação, o que reduziu a quantidade de nutrientes nas plantas. Devido ao forte calor, as folhas estão sendo oxidadas e, onde houve plantio, muitas mudas não resistem ao clima.
"Ainda não é possível quantificar as perdas, mas elas certamente vão ocorrer e serão irreversíveis para 2014 e 2015", diz Fabri.
Ontem o mercado voltou a reagir ao calor e à seca no país. O preço do café avançou 8,6% em Nova York, acumulando 19% em sete dias.
A tensão também atinge o mercado de açúcar. Segundo Julio Maria Borges, da Job Economia, em janeiro choveu cerca de 50% do volume normal na região centro-sul. "A cana que será colhida em abril recebeu 15% menos água do que o normal durante o seu desenvolvimento até aqui. É muito relevante."
No caso da soja, o clima não ameaça a produção recorde porque as condições climáticas em Mato Grosso foram muito boas. A preocupação recai sobre o Rio Grande do Sul e a Bahia, onde o desenvolvimento das lavouras está em um estágio decisivo.
(Por: Tatiana Freitas - Folha de São Paulo)