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18/04/2022
Com maior oferta de cana, centro-sul elevará mais produção de etanol, prevê JOB
A moagem de cana-de-açúcar do centro-sul do Brasil em 2022/23 está estimada em 558 milhões de toneladas, alta de 6,7% ante a temporada anterior, e a nova safra deverá ser mais

Com maior oferta de cana, centro-sul elevará mais produção de etanol, prevê JOB.

Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira

SÃO PAULO (Reuters) - A moagem de cana-de-açúcar do centro-sul do Brasil em 2022/23 está estimada em 558 milhões de toneladas, alta de 6,7% ante a temporada anterior, e a nova safra deverá ser mais "alcooleira", com o etanol tendo uma melhor remuneração em relação ao açúcar, avaliou nesta segunda-feira a Job Economia e Planejamento.

A produção de etanol de cana crescerá 8,75%, para 26,10 bilhões de litros, enquanto a fabricação de açúcar do centro-sul terá aumento de 4,3% em 2022/23, para 33,5 milhões de toneladas, com uma recuperação dos canaviais após sérios problemas climáticos no ciclo anterior, disse a consultoria.

O total de cana destinada para a fabricação de açúcar cairá de 45% em 2021/22 para 44% na atual temporada.

"O viés desta safra, neste momento, mostra-se alcooleiro, dado que este produto tende a remunerar melhor a usina que o açúcar", afirmou Julio Maria Borges, sócio-diretor da Job.

Segundo ele, "a restrição para um desvio maior da produção a favor do etanol prende-se ao fato de 70% ou mais das exportações previstas (de açúcar) para esta nova safra já terem contratos e preços fixados nos mercados de futuros de Nova York e Londres".

A produção total de etanol, incluindo o biocombustível de milho, está estimada em 30,2 bilhões de litros no centro-sul em 2022/23, ante 27,56 bilhões de litros em 21/22 (alta de 9,6%).

"Este aumento deve ser destinado basicamente para o abastecimento do mercado interno de combustível. Ou seja, a oferta adicional de etanol hidratado, usado diretamente no tanque, irá substituir parte da gasolina e reduzir a necessidade de sua importação", afirmou Borges.

"Em outras palavras, faremos mais etanol hidratado e menos anidro (usado na mistura com a gasolina). A paridade adequada do etanol na bomba vai garantir sua atratividade para o consumidor", concluiu.

Segundo o consultor, o cenário favorece as usinas brasileiras nesta nova safra 2022/23, "pois alivia a pressão de aumento de custos que temos observado recentemente".

Ele ressaltou também que, à medida que o clima se normaliza, o centro-sul pode caminhar para uma safra recorde em 2023/24. "Neste caso, convém lembrar que as usinas têm cuidado adequadamente da lavoura de cana nestes últimos anos."

Exportações e nordeste

O consumo de etanol combustível no mercado do centro-sul foi estimado em cerca de 25 bilhões de litros na safra atual, ante 22,9 bilhões de litros na temporada passada, enquanto as exportações foram estimadas em 2,1 bilhões de litros, ante 1,85 bilhão de litros no ciclo anterior.

No caso do açúcar, as exportações do centro-sul foram estimadas em 24,5 milhões de toneladas, com queda de 100 mil toneladas.

"Mesmo com este aumento de oferta, as exportações brasileiras de açúcar serão próximas daquelas da safra passada. Isto porque os estoques de passagem disponíveis em abril/21 foram utilizados para as exportações desta safra e em abril/22 os estoques são mínimos para garantir os compromissos de venda para o mercado interno", afirmou.

Os estoques iniciais de 22/23 foram estimados em 660 mil toneladas no centro-sul, versus 2,26 milhões no início do ciclo anterior.

O consultor destacou que a competitividade da produção de açúcar do Brasil está assegurada "mesmo com câmbio em torno de 4,50 reais por dólar".

A JOB também apontou que para o Norte/Nordeste o clima se mostra favorável para a lavoura, e a expectativa é de um aumento na moagem de 3 milhões de toneladas, para 52 milhões de toneladas.

Isso elevaria o total de processamento no país para 610 milhões de toneladas, versus 571,8 milhões no ciclo anterior.

A produção de açúcar do Brasil cresceria para 36,7 milhões de toneladas, ante 35,15 milhões, enquanto a de etanol subiria para 34,30 bilhões de litros, incluindo o total fabricado no Nordeste.

 

(Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira)

 
 
 
 
 
 
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