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05/03/2021
Agronegócio, inflação baixa e câmbio desvalorizado: excelente. Até quando?
Este post resume uma oportunidade criada neste Governo Bolsonaro e reflete bem o clima de incerteza que afeta o Brasil. Esta oportunidade, fruto de desequilíbrios que tendem a ser corrigidos, deve ser e está sendo aproveitada pelo agronegócio do Brasil. Vou ilustrar esta situação com o negócio de exportação de açúcar e o comércio internacional de etanol.

Agronegócio, inflação baixa e câmbio desvalorizado: excelente. Até quando?

05 de março de 2021 às 16h39

Este post resume uma oportunidade criada neste Governo Bolsonaro e reflete bem o clima de incerteza que afeta o Brasil. Esta oportunidade, fruto de desequilíbrios que tendem a ser corrigidos, deve ser e está sendo aproveitada pelo agronegócio do Brasil.  

Vou ilustrar esta situação com o negócio de exportação de açúcar e o comércio internacional de etanol.  

Taxa de câmbio desvalorizada : o Brasil ganhou; seus concorrentes não. 

Vamos considerar os dois anos do atual Governo no Brasil, ou seja, o período Janeiro/2019 a Janeiro/2021.  

O Dólar Americano (US$) neste período desvalorizou-se pouco mais de 5%, em relação a uma cesta de moedas representativas do comércio global. A razão maior disto foi a redução de incertezas em nível global e a redução da aversão ao risco com a retomada da economia, as vacinas de Covid 19 e a eleição de Joe Biden nos EUA. A geopolítica não atrapalhou.  

Em contrapartida, e em condições normais, as outras moedas deveriam se valorizar e suas taxas de câmbio, expressas em moeda local/US$, deveriam cair.   

E foi isto que aconteceu nos principais exportadores mundiais de açúcar. Neste caso, vale citar Tailândia, União Européia, Austrália, México. Nestes países as reduções nas taxas de câmbio foram entre 0,3% (México) e 9,1% (Austrália), com média simples de 5,7%. Somente no caso da Índia, a taxa de câmbio se desvalorizou e aumentou em 3,9%.    

E no caso do Brasil, maior exportador e produtor mundial de açúcar?  

Tivemos uma super desvalorização da taxa de câmbio em dois anos. Esta aumentou em cerca de 39% e passou de 3,80 para 5,30 entre 02jan19 e 20jan21.

 Em outras palavras, aumentou muito a competitividade do Brasil nas exportações de açúcar e etanol e aumentou muito a proteção do Brasil contra importações de etanol, principalmente dos EUA e Paraguai. Esta é uma situação de desequilíbrio que tende a ser corrigida. Em outras palavras: é uma situação que deve ser bem aproveitada pelas exportações brasileiras enquanto durar.  

Efeito nas exportações e importações.  

Nesta safra atual 2020/21 (Abril20/Mar21) as exportações de açúcar do Brasil serão um recorde e devem superar 33 mi t . Na safra passada foram pouco abaixo de 20 mi t. As exportações de etanol podem alcançar a faixa de 3 bi de litros; na safra passada foram pouco abaixo de 2 bi litros.  

Em contrapartida as importações de etanol foram inibidas com o câmbio desvalorizado. Nesta safra podem alcançar a faixa de 0,6 bi litros e na safra passada se aproximaram de 1,7 bi litros.  

 Efeito nos preços e rentabilidade do negócio. Riscos. 

O efeito nos preços foi o melhor possível. Além da desvalorização cambial contribuiu para isto safras medíocres em paises produtores devido ao clima adverso. Em outras palavras, “ céu de brigadeiro”.  

Quem define preços nos mercados de açúcar e etanol no Brasil, que produz ambos os produtos em escala relevante, é o mercado externo de açúcar, quando o petróleo e gasolina estão com preços baixos em relação ao preços equivalentes de açúcar.   

Desde 2019 o mercado global de açúcar opera em modo de oferta restrita. Desta forma, desde Maio/20 os preços do açúcar no mercado externo estão com tendência de alta. Naquele mês de Maio/20 o preço médio foi 10,60 ¢/lb. Atualmente estão testando 17¢/lb no mercado de futuros de NY – 1º vcto.  

Combinando preços do açúcar em alta no mercado internacional com uma taxa de câmbio média mensal acima de 5,20 R$/US$, tivemos as seguintes consequências:  

  • A exportação de açúcar se tornou economicamente víável, remunerando todos os custos e gerando um lucro extranormal para o produto. Isto é válido para Brasil e não vale para os principais exportadores mundiais do produto.
  • A oferta interna de açúcar ficou restrita e garantiu preços também remuneradores;
  • A produção de etanol, menos atrativo para o produtor, foi minimizada e, como consequência, sua oferta foi restrita. Com isto a recuperação dos preços do produto foi rápida com o suporte dos preços da gasolina, também em alta.      
  • A receita da agroindústria canavieira será cerca de 20% acima da safra passada e vai ser suficiente para cobrir todos os custos de produção, com lucro normal ou acima. Esta condição não acontecia desde 2016.
  • O Brasil tem uma condição privilegiada como exportador de açúcar graças ao US$ acima de 5 R$/US$. E tem aproveitado bem esta situação, com fixações de preços para exportação em 2021 e 2022.

 Resumindo: tudo de bom aconteceu para o negócio brasileiro de açúcar e etanol nesta safra 2020/21. O risco que vemos daqui para frente estaria em duas frentes:

  • menor taxa de câmbio, muito dependente de aspectos domésticos de natureza social, política e econômica;
  • Preço do petróleo WTI não se sustentar em torno de 60 US$/barril.

 

Julio Maria M. Borges       Sócio-Diretor da JOB Economia e Planejamento.

Conselheiro de Administração.

Email: julioborges@jobeconomia.com.br        Site: www.jobeconomia.com.br

 

 
 
 
 
 
 
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