Safra 17/18 no centro-sul do Brasil deve fechar com estoque de etanol até 21% menor, diz JOB.
Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - O centro-sul do Brasil deverá fechar a safra de cana 2017/18, em 31 de março, com estoques de etanol até 21 por cento menores na comparação anual, reflexo do consumo aquecido nos últimos meses, projetou nesta terça-feira a JOB Economia e Planejamento.
De acordo com a consultoria, as reservas totais de álcool ficarão entre 1,5 bilhão e 1,6 bilhão de litros, o equivalente a não mais que 20 dias de consumo. Em 31 de março deste ano, os estoques estavam na casa de 1,9 bilhão de litros, suficientes para mais de 30 dias de demanda.
O nível das reservas ao término da safra é um importante indicativo de como podem se comportar os preços e as importações do biocombustível na virada de temporadas, uma vez que a moagem de cana, e consequentemente a produção de etanol, só engrena a partir de abril ou maio no centro-sul do Brasil, maior player global do setor sucroenergético.
Neste ano, a fabricação de etanol disparou ao longo do segundo semestre graças à maior demanda pelo produto, cuja competitividade ante à gasolina melhorou após altas tributárias superiores para o derivado de petróleo.
Em novembro, as vendas totais de etanol por unidades produtoras do centro-sul cresceram 19 por cento na comparação com igual mês do ano passado, para 2,3 bilhões de litros, conforme a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
“As usinas estão com um estímulo à venda de etanol desde agosto e devem produzir mais que o previsto. Em contrapartida, a comercialização, o abastecimento do mercado interno também ficará acima do esperado”, disse à Reuters o sócio-diretor da JOB, Julio Maria Borges.
Essa alteração de cenário nos últimos meses levou a consultoria a elevar sua projeção para a produção de etanol no centro-sul em 2017/18 para 25,26 bilhões de litros, de 24,25 bilhões de litros considerados em abril.
A moagem de cana, contudo, foi mantida pela JOB em 593 milhões de toneladas, volume que, segundo Borges, deverá ser alcançado até março graças à antecipação dos trabalhos da safra seguinte.
AÇÚCAR
A JOB prevê que os estoques de açúcar em 31 de março de 2018 também fiquem aquém dos observados há um ano, em torno de 190 mil toneladas, ou 15 dias de consumo - há um ano, eram suficientes para 25 dias de abastecimento.
“A exportação de açúcar está maior que a prevista e a produção deve ficar abaixo do esperado, de modo que os estoques serão menores na entressafra”, afirmou o sócio-diretor da consultoria.
Com efeito, a mudança de mix de produção em favor do etanol levou o setor a apostar em uma produção menor de açúcar neste ciclo. A própria JOB, por exemplo, cortou sua projeção para 36 milhões de toneladas, de 36,6 milhões de toneladas no início da safra.
Já as exportações estavam no acumulado do ano até novembro 2,3 por cento acima das observadas em igual período de 2016, com muitas usinas tirando proveito de preços atrativos no passado para cumprir contratos agora, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).