O volume de etanol hidratado (usados diretamente nos tanques dos veículos) comercializado no país em agosto alcançou 1,166 bilhão de litros, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O resultado ficou 200 milhões de litros abaixo do total vendido pelas usinas sucroalcooleiras do Centro-Sul (principal polo produtor) às distribuidoras também em agosto, de acordo com dados da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica).
Essa diferença entre o que saiu das usinas e o que chegou aos tanques permaneceu com os intermediários, segundo Julio Maria Borges, diretor da JOB Economia e Planejamento. Até o início de agosto, as distribuidoras estavam com estoques mais apertados, o que as levou a incrementar as compras.
Havia uma expectativa de que as vendas de etanol hidratado aos consumidores alcançassem 1,3 bilhão de litros em agosto, já que o biocombustível havia começado a recuperar a competitividade ante a gasolina. No fim daquele mês, o produto já era mais vantajoso que o combustível fóssil em quatro Estados, após um longo período mais vantajoso apenas em São Paulo e em Minas Gerais.
Mas esse nível de vendas poderá ser alcançado apenas em outubro, segundo analistas. Em setembro, as distribuidoras já relatam um aumento das vendas de etanol da ordem de 7% a 8% em relação a agosto, segundo Martinho Ono, presidente da SCA Trading. Isso significa que o volume vendido deve ficar entre 1,25 e 1,26 bilhão de litros, ainda abaixo do volume vendido em setembro do ano passado (1,351 bilhão de litros).
Assim, as vendas ainda devem ter sido cerca de 100 milhões de litros menores que o registrado no mesmo mês do ano passado. Desde o início da safra 2017/18, em abril, as vendas de etanol hidratado já estão 1,138 bilhão de litros abaixo do total observado no mesmo período do ciclo passado.
Para Borges, "se as usinas... não subirem os preços do etanol de maneira inconsequente em Outubro, é possível que a partir deste mês essa perda se reverta", afirmou. Isso só deverá aconteceu, entretanto, "se as usinas respeitarem a competitividade do etanol frente a gasolina.
Ono, da SCA Trading, avalia que os preços do etanol deverão se manter competitivos na bomba até o fim do trimestre, estimulando a demanda. Atualmente, o etanol está mais vantajoso que a gasolina (abaixo de 70% do valor do combustível fóssil) em São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. No Paraná, o preço médio do etanol está em 70,5% da gasolina.
Por Camila Souza Ramos | De São Paulo
Fonte : Valor Econômico